quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Zora Neale Hurston



A autobiografia (que eu não li ainda) chama-se Dust Tracks on a Road.


E na contracapa, isso aqui:



Nada mais a acrescentar, falem a verdade.

A vida dela, neste link aqui.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Um remédio que dá alegria

Trecho inicial da crônica publicada em O Estado de São Paulo - 24 de junho de 1986.

"Semana passada, falei assim: 'Deus é bom demais! Além de João Gilberto, manda Caetano junto!' Até ponto de exclamação usei - coisa que, por sobriedade congênita, não costumo. Esses dias todos, fiquei meio babaca. Fiquei, não: geralmente sou mesmo meio babaca. Porque, mais que em 'Deus' (e as aspas aqui são para que não me imaginem, injustamente, indo à missa ou rezando terços), acredito é na gota de mel que essa coisa-deus-destino-orixá vezenquando derrama sobre nossa cabeça. Bem verdade que acontece de ele derramar a gota e enquanto você, todo melado, espera por mais - ele retira subitamente o pote. Ou, sacanamente, substitui o pote de mel pelo de sal. Volta, então, a secura nossa de cada dia. Como volta o mel, para quem tiver paciência de esperar sem desfraldar a bandeira escandalosa da espera. Que afasta o mel."


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Paul Auster

Meu primeiro raciocínio quando vejo um livro do Paul Auster: ai que delícia. Meu segundo: que bom que ele está vivo e não para de escrever.

E comecei a ler este aqui. Não-ficção. Sempre uma maravilha de texto. E um pouco de inglês no blog.



"The only proof you have that your memories are not entirely deceptive is the fact that you still occasionally fall into the old ways of thinking. Vestiges have lingered well into your sixties, the animism of early childhood has not been fully purged from your mind, and each summer, as you lie your back on the grass, you look up at the drifting clouds and watch them turn into faces, into birds and animals, into states and countries and imaginary kingdoms. The grilles of cars still make you think of teeth, and the corkscrew is still a dancing ballerina. In spite of the outward evidence, you are still who you were, even if you are no longer the same person."

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Um pouco de Nelson

Trecho inicial do texto "Muerte na passeata" publicado em "O Globo" em 11 de abril de 1968. 

"Um tigre é sempre um tigre. Pode vir o mundo abaixo. Ele tem um elenco de instintos e daí não sai. Há de ser tigre do berço ao túmulo. Do mesmo modo, a cabra é uma cabra para sempre. E assim o bode de charrete, com sua barbicha flamenga e os chifres em caracóis. Só o homem pode deixar de ser homem, e repito: só o homem pode se desumanizar.

Coincide que nós vivemos uma época crudelíssima. Para preservar a sua humanidade, o sujeito tem de lutar, ferozmente, contra tudo e contra todos. E das duas uma - ou cada um constrói a sua solidão ou os outros o matam. (Alguém disse que os 'outros' são os nossos assassinos).  Vêm de toda parte as pressões que nos desumanizam. Há a manchete, o rádio, a televisão, o anúncio e, em suma, todo uma gigantesca estrutura que exige a nossa falsificação.

Falsificação. Finalmente, explodiu a palavra. Tudo falsifica: o pai, o estudante, o operário, o intelectual, o namorado, o sacerdote. Há o Vietnã, há o assassinato de Luther King, há a China. E cada fato exige de nós uma posição fulminante um gesto, uma frase, um sentimento, um palavrão. Os temperamentos mais doces são hoje radicais, ululantes e obscenos.

E, então, acontece o seguinte: estamos todos acuados."


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A máquina de fazer espanhóis

"quando dizemos que antigamente é que era bom estamos só a ter saudades, queremos na verdade dizer que antigamente éramos novos, reconhecíamos o mundo como nosso e não tínhamos dores nas costas nem reumatismo, é uma saudade de nós próprios, e não exatamente do regime e menos ainda de salazar."


Desenho feito pelo autor, na primeira página do meu livro.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Otto e Vinícius


Otto pede para o Vinícius se definir, logo no comecinho. Vinícius responde: "sou um labirinto em busca de uma porta de saída". Minha observação: Mas quem não é, Poeta? Quem não é?

Vejam! São quase 11 minutinhos de puro prazer.

sábado, 11 de outubro de 2014

Sempre ele

Fal estava me dizendo de um poema do Leminski que eu não lembrava. É esse aqui. Eu não lembro mais em qual livro está. Alguém? Só sei que ele sempre tem razão: de vez em quando a gente precisa morrer mesmo. E voltar melhor. 

"Já me matei faz muito tempo
Me matei quando o tempo era escasso
E o que havia entre o tempo e o espaço
Era o de sempre
Nunca mesmo o sempre passo

Morrer faz bem à vista e ao baço
Melhora o ritmo do pulso
E clareia a alma

Morrer de vez em quando
É a única coisa que me acalma."


quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Oprah

Tá, eu sou suspeita e tonta, mas tudo que a Oprah faz eu amo. Aqui um trechinho do novo livro dela que é uma compilação dos textos da revista.

"Several months later I received a package from my friend and mentor Maya Angelou - she'd said she was sending me a gift she'd want any daughter of hers to have. When I ripped it open, I found a CD of a song by Lee Ann Womack that I still hardly listen to without boohooing. The song, which is a testament to Maya's life, has this line as its refrain: When you ge the choice to sit it out or dance, I hope you dance."


Para a Adriana.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Carta do Caio para o Mário Prata

Trecho de carta do Caio F. Abreu (um pouco antes de morrer, em 1995) para o Mário Prata (não preciso explicar quem é):


"Pratinha querido,

obrigado pela carta que você me escreveu. Pensei em responder pelo jornal mesmo - para dizer principalmente que acho você muito mais Ouro que Prata - mas ia ser muita viadagem toda essa jogação pública de confetes, não?

Hoje gostei mais ainda ao ler que choveram anjos na sua horta depois da crônica. Adorei aquela história do diário da gestação. Anjo-da-guarda é papo quente. Se bem que alguns são meio vadios e nem sempre cumprem horário integral.

Ando bem, mas um pouco aos trancos. Como costumo dizer, um dia de salto sete, outro de sandália havaiana."

E a carta continua... leiam em "Caio 3D: O Essencial da Década de 1990".