quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Fal

Nem vou falar nada. Na página 77:

Você será o fim da vida, tal e qual eu a conheço. A minha vida. E o que virá depois? Eu não sei, você não sabe. "Não há garantias", você diz. Então, não quero. Quero o certo, o cotidiano, o imutável, o previsto, o listado, o milimetricamente programado. Quero o que tenho certeza de que está no armário da cozinha, na terceira gaveta do guarda-roupa, no envelope dentro da pasta. Quero o estável, o sólido, a rocha. Quero um dia depois do outro, consultas marcadas com duas semanas de antecedência, nenhum abalo, nenhuma grande alegria, nenhuma grande dor. Quero o impossível.




2 comentários:

Fal disse...

Oh, Deus, linquei aqui pra ilustrar um "escritório" e acho isso? <3 <3 <3

Elaine Cuencas disse...

Acordar e pensar que não garantia de nada... que condição! Ainda bem que a arte nos salva, nos ampara, nos ilude. Inebriados pela invenção humana, dá para seguir em frente... seja um vídeo do Fred Astaire, seja um obra de Klint ou uma música italiana! Um almoço honesto com amigas, um gif bacaninha no face,o doce de goiaba que a amiga deixou na portaria. A tecnologia, a biblioteca, a cama grande, a Sofia! o recado da mãe na secretária eletrônica, o rumor das filhas, saindo para passear no sábado, a casa limpa.Uma lembrança, o quadro na parede, a fotografia. O gato de porcelana, o colar que veio de longe, as sacolas das livrarias... tudo é ilusão e vaidade? Inebriada com a vida, lutamos todos os dias. Não há garantia.

Beijos para nós três que circulamos por aqui...