segunda-feira, 16 de maio de 2016

Como curar um fanático

Trecho de palestra de 2002.

Há muitos anos, quando eu ainda era criança, minha sábia avó me explicou em palavras muito simples a diferença entre um judeu e um cristão - não entre um judeu e um muçulmano, mas entre um judeu e um cristão: "Veja só", ela disse, "os cristãos acreditam que o Messias já esteve uma vez aqui e certamente voltará um dia. Os judeus afirmam que o Messias ainda está por vir. Por causa disso, houve tanta raiva, perseguição, derramamento de sangue, ódio... Por quê?". Ela disse: "Por que cada um não pode simplesmente esperar para ver? Se o Messias chegar dizendo: 'Olá, é um prazer revê-los', os judeus vão ter de admitir e reconhecer o fato. Se, por outro lado, o Messias chegar dizendo: 'Como vão, é um prazer conhecê-los', todo o mundo cristão terá de se desculpar com os judeus. Entre o agora e o então",  disse minha erudita avó, "simplesmente viva e deixe viver." Ela era definitivamente imune ao fanatismo. Sabia o segredo de viver em situações em aberto, com conflitos não resolvidos, com a alteridade de outras pessoas. 


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